quinta-feira, 7 de agosto de 2014

doçura

Sei que nem sempre a vida é fácil. Na verdade, acho que na maior parte das vezes a gente encontra dificuldades no meio caminho. Mas viver é isso, não é? É lidar com adversidades, é tentar buscar um novo jeito de fazer as coisas. Não sou uma deusa, tampouco uma juíza. Não estou aqui para julgar atitudes de A ou B. Mas tem coisas que me impressionam demais. Anteontem eu soube que uma prima em segundo grau faleceu. Parece que foi excesso de medicamentos para dormir. Uma época, eu tive insônia. Tomava um Rivotril por noite. Então, meu médico foi viajar e fiquei sem receita. Desespero total. Fiquei sem dormir por duas ou três noites. Depois, cansada e com sono, dormi. E decidi nunca mais tomar medicação, pois vicia em pouco tempo. Tomei apenas seis meses, mas pareceu uma eternidade. Hoje, de vez em quando tenho insônia, mas me viro. Nem que seja de um lado para outro. Mas eu falava dessa prima. Sim, ela tinha vários problemas, sofreu várias perdas, passava por um momento difícil. Não tinha muito contato com ela, mas soube disso tudo por terceiros. Quem quer dormir, toma um ou dois remédios. Quem quer acabar com o sofrimento, toma várias cartelas. E assim dorme pra sempre. O nome disso é acabar com a vida. É suicídio. É estar tão desesperado e despreparado, é estar tão sem força e tão deprimido, é estar tão sem chão, é estar tão sem saída que a única saída que a pessoa enxerga é dar um fim para tudo. Estudei muitos casos na faculdade. Mas confesso que tenho medo. Acho que a gente não pode medir o sofrimento do outro. Não estamos na pele da outra pessoa. Cada um tem sua força, sua fraqueza, cada um tem suas dores, suas infelicidades. Tem gente que fala que fulaninha tinha tudo, por que é tão infeliz? Eu tenho uma amiga que é bonita, culta e endinheirada que já tentou se suicidar mais de uma vez. Quem vê pensa que ela não tem nenhum problema. Ninguém sabe da família bagunçada e das várias crises que ela já teve na vida. Ninguém sabe o que ela acumulou no peito. Procuro enxergar o lado bom das coisas. Aprendi com meu pai que sempre existe o outro dia. Hoje tudo pode parecer terrível, mas a gente dorme (ou passa a noite em claro) e no outro dia o problema parece menor. Na hora do aperto, a gente enxerga o problema com lupa. Ele se torna enorme. Sempre "existe um dia depois do outro, com uma noite no meio", né pai? Existem doçuras que a gente nem sempre vê. Existem problemas que nem sempre são o que parecem. Quer um exemplo? Fui demitida no começo de janeiro, na volta das minhas férias. Tentei ligar o computador da agência em que eu trabalhava, mas não consegui fazer o login. Chamei o moço da informática e ele disse que já ia resolver. Nesse meio tempo, o RH me chamou. Dentro da sala, estava a moça do RH e o diretor de criação da agência. E o final você já pode imaginar. Seria muito indelicado da minha parte falar mal das pessoas ou do lugar em que eu trabalhava. E não vou fazer isso. Simplesmente fui embora. Arrumei as coisas e fui. Eles apenas adiantaram a minha decisão. Eu ia pedir pra ir embora em março ou abril. Agora eu faço meus freelas, tenho tempo para me dedicar a outros projetos, escrever, cuidar de coisas que tinha deixado pra trás. Algumas pessoas são demitidas e acham o fim do mundo, ficam com medo de recomeçar e seguir em frente. O medo faz parte, pois do amanhã ninguém sabe. Mas a gente tem que buscar o que quer. E buscar nossa própria força em algum lugar dentro da gente. Todo mundo tem problema. Mas nem todo mundo consegue dar a volta por cima. Acho que tentar é essencial. E quem não consegue tem que procurar ajuda. Da família, de um médico, de uma religião, de qualquer coisa que traga um suporte, um consolo, um abrigo. Porque a gente precisa disso pra viver. Minha prima, infelizmente, não conseguiu. Tomara que ela encontre a luz e a paz. Acho que uma pessoa tem que estar muito mal (e ter muita coragem) para acabar com a própria vida. A vida da gente é a coisa mais bonita que existe. Mesmo que nem sempre seja doce. Mesmo que nem sempre tenha cor. Mesmo porque quem dá o sabor e o tom somos nós mesmos. Diariamente. Clarissa Correa I know that life is not always easy. Actually, I think in most cases we find difficulties in halfway. But living it is, is not it? It is dealing with adversity, is trying to seek a new way of doing things. I'm not a goddess nor a judge. I'm not here to judge attitudes of A or B. But there are things that impress me too much. Two days ago I knew a second cousin died. Looks like it was excessive sleep medications. One time, I had insomnia. Took a Rivotril per night. So my doctor and I was traveling without prescription. Total despair. I was without sleep for two or three nights. Then, tired and sleepy, slept. And I decided never to take medication, because addicted in no time. Took only six months, but it seemed an eternity. Today, from time to time have insomnia, but I turn. Even if only one side to another. But I spoke of this material. Yes, she had several problems, suffered multiple losses, was going through a difficult time. Did not have much contact with her, but he knew it all by others. Who wants to sleep, take one or two drugs. Who wants to end the suffering takes several cards. And so sleep forever. The name that is to end life. It is suicide. It being so desperate and unprepared, is being so powerless and so depressed, it was so ungrounded, is to be so dead that the only way a person sees is put an end to everything. Many cases studied in college. But I confess I'm afraid. I think we can not measure the suffering of others. We are not in the skin of another person. Each has its strength, its weakness, each has their pains, their misfortunes. Some people says that Fulaninha had everything, why are so miserable? I have a friend who is beautiful, educated and wealthy who have tried to commit suicide more than once. Beholder thinks she has no problem. Nobody knows the messy family and the various crises it has ever had. No one knows what she has accumulated in the chest. I try to see the good side of things. I learned from my father that there is always another day. Today it may seem terrible, but we sleep (or pass a sleepless night) and the next day the problem seems minor. At the time of tightening, we see the problem with magnifying glass. He becomes huge. Where "there is a day after another, with one night in the middle", right dad? There are sweets that we do not always see. There are problems that are not always what they seem. Want an example? I was fired in early January, the back of my vacation. I tried to turn on the computer the agency where I worked, but I could not login. Called the boy's computer and he said he'd already solved. Meanwhile, HR called me. Inside the room, the girl was from HR and the creative director of the agency. And the end you can already imagine. It would be very rude of me to speak ill of the people or the place where I worked. And I will not do that. Simply walked away. Packed my things and went. They just advanced the my decision. I would ask to go in March or April. Now I do my freelancers, I have time to devote to other projects, write, take care of things he had left behind. Some people are laid off and find the end of the world are afraid to start over and move on. The fear part because no one knows tomorrow. But we have to get what you want. And seek our own strength somewhere inside us. Everyone has problems. But not everyone can come out on top. I think trying is essential. And who can not have to seek help. Family, a doctor, a religion, whatever brings a support, a comfort, a shelter. Because we need it to live. My cousin, unfortunately, failed. I hope she finds the light and peace. I think a person has to be really bad (and a lot of courage) to take his own life. The life of the people is the most beautiful thing there is. Even that is not always sweet. Even that does not always have color. Even because who gives the flavor and the tone is ourselves. Daily.

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