Surge o dia esplendente de luz!
O Sol dardeja setas de ouro sobre o mundo. Verdeja o prado, colore-se o jardim, esvoaçam borboletas, o céu imenso se azula enquanto o espelho d'água o reflete.
Sopra o vento mensageiro agitando a manhã.
A brisa, minuída ventania, carreia perfumes que tudo embalsama, delicadamente.
Viaja o pólen no rumo da fecundação. De galhadas desatam-se folhas secas que balançam no espaço e farfalham ao cair na relva, produzindo sons como carícias para todos os ouvidos.
Ao longe, bale a ovelha, canta o galo, relincha o jumento e chora o pequerrucho. E tudo soa qual música na pauta vibrante da natureza.
Há musicalidade nos ágeis movimentos da criança e no falar compassado do ancião. Há música no riso insolente da juventude quanto há música na lágrima que aljofra dos olhos de quem sofre e de quem festeja, de quem celebra a vida e de quem lamenta a morte...
Em tudo há um sopro inconteste de vida abundante. Em toda parte há um anúncio de saúde plena, após período de difícil enfermidade.
Aves que abrem leque em plena revoada entre cores ridentes.
E é o mundo que em festa se agita.
Há convites de amor e há ternura ao longo das estradas.
Sinos, dentro do coração, soam desde a remota madrugada e evocam figuras de anjos, de pastores, de manjedoura e de uma rútila estrela.
E como não saudar essas evocações?
E por que não cantar os cantos pela paz?
E por que não mirar tantos astros de luz esbatidos no veludo azul da noite alta?
E por que não distender o riso, o abraço, a lágrima e a esperança?
Quando tudo em derredor se achar em festa, no templo, no palácio, na choupana modesta, elevemos aos Céus o próprio coração.
Em tudo e em toda parte há louvores ao Senhor.
Eis o dia cintilante de bênçãos e beleza.
Em verdade, é Jesus que, sublime, irradia!
Eis que surge o esplendente dia.
É Natal!
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